Laguna de encantos e desencantos
Sinopse
Maceió, capital de Alagoas, é uma cidade litorânea que nasceu entre o oceano Atlântico e a laguna Mundaú, numa relação direta do seu território com suas águas. Pesquisas apontam que a ocupação inicial do sítio se deu com autóctones indígenas, que habitavam a costa litorânea no século XVI. Contudo, tem-se 1609 como o primeiro registro de ocupação das terras que dariam origem a Maceió, quando se tem notícia da primeira casa de telha construída nas imediações da atual praia da Pajuçara. O mar teve papel fundamental para o povoamento, pelo ancoradouro natural existente em Jaraguá, que a partir do século XVIII possibilitou o escoamento da produção local para fora do território alagoano. A laguna, no contexto desse século, servia de caminho de ligação entre o porto natural e o que era produzido no interior. Esta relação fez surgir a Maceió que se incrustou inicialmente entre esses dois referenciais aquáticos, de forma simultânea, e uma situação de aproximação ou afastamento da população de forma similar. Entretanto, nas últimas décadas, as relações socioeconômicas interferiram na relação de ambos com a cidade, criando-se uma supervalorização do mar em relação à laguna. Este trabalho se fundamenta em estudos realizados por seu autor na sua dissertação de mestrado e em sua tese de doutorado sobre o tema. Tem como proposta traçar a trajetória da laguna em Maceió – a partir do viés do encanto e desencanto-, desde os primórdios da sua ocupação até o fechamento da pesquisa para a elaboração desse livro em dezembro de 2021, analisando-se a sua presença no contexto da formação do espaço maceioense, e as consequências da antropização que ocorreu em seu entorno nesse percurso de tempo. Essa trajetória é marcada, por exemplo, pela sua importância no século XIX como porta de entrada da cidade dada pelos portos lagunares; ou já no século XX, como local de pouso do hidroavião ou cenário de filmes produzidos em Alagoas. A partir de 1976, o seu trecho mais visível na atualidade, começou a ser aberto, criando-se o Dique-Estrada, e a partir de então, decorreram várias consequências para a urbe local. Em 2019, a região lagunar entra em evidência com problemas geológicos que atingiram o seu entorno, fazendo-se redirecionar ações da cidade para a região. Nesse contexto, a laguna responde a sentimentos de encantos e desencantos pela sua história, paisagem e ambiente natural e pela realidade presente ao longo dos anos.